MITO E TRAGÉDIA
Jean-Pierre Vernant e Pierre Vidal-Naquet
PREFÁCIO
A tragédia não é um mito. Ela surge (séc IV) quando a linguagem do mito não mais apreende a realidade política da cidade.
A solução do conflito trágico pelo herói não é dada por si só, mas pelo triunfo de valores coletivos, característica da nova cidade democrática
Os mitos situam-se sempre no mesmo plano e possuem igual valor.
Édipo Rei de Sófocles não é uma versão do mito de Édipo.
INTENÇÃO da tragédia: se expressa através da obra (estruturas e organização interna), não do autor.
Tragédia: fenômeno social (realidade social com a instituição dos concursos trágicos), estético (novo gênero literário) e psicológico (surgimento de uma consciência e de um homem trágicos)
As tragédias seriam quadros da vivência cotidiana de uma civilização já que possuam seus pré conceitos e pré supostos.
Existência de um quadro de referência comum (pano de fundo que torna inteligível as estruturas da peça).
MOMENTO HISTÓRICO DA TRAGÉDIA NA GRÉCIA: ALGUMAS CONDIÇÕES SOCIAIS E PSICOLÓGICAS
Gênero literário próprio, e novo tipo de espetáculo na cidade, traz experiências humanas antes despercebidas, fazendo do homem um sujeito responsável.
Gênero trágico, representação trágica, homem trágico.
Máscaras: humanas, com papel estético, não mais ritual e religioso.
Dois elementos: coro - personagem coletiva, anônimo, tem o papel de exprimir os temores, as esperanças e julgamentos, inspirados nos sentimentos dos espectadores/lirismo coral/interroga-se sobre si mesmo personagem trágica - apesar de individualizada pela máscara, a mesma faz dela parte de uma categoria social e religiosa, a dos heróis, sendo a ela, estranha a condição normal do cidadão/protagonista/forma dialogada cuja métrica é próxima da prosa/ não é um modelo, mas um problema
Tragédia nasce em Atenas e dura aproximadamente um século.
Matéria da tragédia é o pensamento social próprio da cidade, em especial o