Mito e psicanalise
RESUMO
O mito sempre permeou as civilizações através de narrativas responsáveis por explicar a origem ou a finalidade de algo existente. Essas explicações necessárias para a manutenção de um certo existir amenizou e continua cumprindo seu papel ainda nos dias atuais. O texto que segue tem a pretensão de apenas citar algumas situações nas quais os mitos e a psicanálise caminharam e permanecem ainda de forma bastante nítida juntos, cumprindo o papel de explicar e manter um certo existir da humanidade.
Palavras Chaves: Freud; Mito; Psicanálise; Relativismo.
Introdução.
Mais de um século após os primeiros escritos psicológicos, tornou-se bastante claro que as idéias de Freud foram muito além de sua proposta inicial: um método científico de investigação e um tipo novo de tratamento. O pensamento freudiano consiste numa extensa articulação teórico-prática, em muito ultrapassando a proposta inicial de ser apenas uma psicologia e uma forma de terapia. A Psicanálise constituiu-se num vastíssimo sistema de pensamento e visão de mundo, possivelmente o maior e mais importante sistema de todo século XX. Como é necessário a todos os grandes sistemas de pensamento, há de existir uma organicidade, uma coerência interna e uma unidade formal. O pensamento freudiano também se organiza a partir de um elo central. Tal fulcro ou - como poderíamos nomear a partir dos conceitos hoje clássicos de Filosofia da Ciência propostos por Thomas Kuhn (1978) em seu livro A Estrutura das Revoluções Científicas - tal foco paradigmático, constitui a postulação freudiana do Complexo de Édipo (v. Lopes, 1985).
A compreensão freudiana do drama edípico, foco paradigmático do sistema psicanalítico, articula em si: a chave para a compreensão da sexualidade infantil, sem a qual não pode ser explicada a psicopatologia psicanalítica; os conceitos de recalque e de transferência, sem os quais não é possível acesso ao inconsciente dinâmico e à