Miséria
O Brasil, mesmo sendo um país, potencialmente rico, continua convivendo com índices sociais vergonhosos, que nos colocam no mesmo patamar de Serra Leoa, um país do oeste da África, ao sul de Guiné e a nordeste da Libéria e que tem o mais baixo índice de desenvolvimento humano – IDH – do mundo. Temos 53 milhões de pobres, o equivalente a 31,7% da população, isto é, temos milhões de famílias com renda domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo por mês. Tudo isso é o resultado de uma política econômica que, ao longo dos anos, estimulou e ainda estimula a concentração de renda e gera cada vez mais exclusão social, em nome de uma austeridade que está muito mais preocupada com os números do superávit primário do que com os seres humanos que vivem na periferia das grandes cidades. A solução do problema está na mudança das prioridades governamentais, com ênfase em um novo modelo de desenvolvimento econômico, que priorize uma melhor distribuição de renda e a geração de emprego e renda. Os Programas Compensatórios, praticados pelos Governos Estaduais e pelo Governo Federal, são medidas paliativas e emergenciais que nunca resolverão o problema, servem apenas para mascarar os números por algum tempo, mas acabam agravando o quadro de exclusão social. Os números das pesquisas sociais assustam a todos nós, porque o Brasil não é um país pobre, mas tremendamente injusto! Um documento divulgado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – em um dos seus gráficos ilustra muito bem isso: 1% dos brasileiros mais ricos, o equivalente a 1,7 milhão de pessoas, apropria-se de 13% da renda nacional e 50% dos brasileiros mais pobres ficam com 13%. Outro aspecto desse tremendo desequilíbrio é que no Brasil a pobreza tem cor. Entre a população negra, 44,1% vivem em domicílios com renda per capita inferior a meio salário mínimo. Entre brancos, esse percentual é de 20,5%. Segundo ainda o documento, a probabilidade de um negro estar no estrato mais pobre