Minha vida, minha vegetação
Cenário: cidade de Unai - ano 1960, contemporâneo com a construção da Capital Federal - Brasília . Detalhes será impossível lembrar; mas vou fazer o possível para registrar aqui um pouco do meu passado. Nasci no ano de 1956, oriundo de um terceiro casamento do meu pai com minha mãe. casamento (contrato, pois na época costumavam celebra-los entre pessoas de idade avançadas, ao invés do casamento civil). Podem imaginar a qualidade das crias em todos os aspectos, robustez, paciência para aturar filhos, financeiramente mal, sem casa própria, vivíamos de aluguel, moramos em quase todas as casas de Unaí.
A família era composta de o pai, que chamava João Pereira da Silva, que era muito conhecido de João André, pseudo- sobrenome, herança que até hoje não sei exatamente de que herdou.
Carpinteiro de mão cheia, como falava os antigos, que o buscava de longas distâncias para fazer porteiras, engenhos, cercas e até caixão fúnebres.
Minha mãe chamava-se, Alice Francisca da Silva, natural de morada nova, que de mudança para um lugarejo chamado de capão preto, após um casamento fracassado, do qual teve um filho chamado Vicente, conheceu o pai e casaram se. Nessa época ela morava com seu compadre Zeca, era a forma como ela o chamava.
Quando começava a ficar difícil arranjar trabalho, o aluguel atrasava, éramos obrigados a mudar de casa. Minha mãe, por sua vez não se dava com vizinho nenhum, cada casa uma inimizade. Como dizia, éramos doentes, todo mundo cheio de lombrigas, solitárias, de porco e outras amebas originadas do desdém com o corpo. Nesses vaivens da vida, no final de 1961,a mãe cismou de acabar com os vermes de uma vez, aplicando uma quantidade de vermífugo, lombrigueiro, como queiram, fora da prescrição médica. Quase morri, fiquei pretinho e semimorto, só voltei a viver com ajuda total de Deus e medicamentos