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TRABALHO SOBRE O LIVRO “A HORA DA ESTRELA”, DE CLARICE LISPECTOR: CRÔNICA
Trabalho referente à disciplina Metodologia e Prática da Língua Portugues
São Paulo
Novembro/2011
INTRODUÇÃO
Como fã assídua do Luis Fernando Veríssimo e de outros grandes cronistas, como Fernando Sabino e Rubem Braga, não há nada para mim mais descontraído e, ao mesmo tempo, crítico, do que apresentar situações cotidianas através desse formato de narração.
A crônica a seguir reúne diálogos que me acompanharam durante os quase nove anos que vivo em São Paulo, desde que cheguei de Niterói, e que vieram à memória ao longo do desenvolvimento do texto. A dosagem de minha ingenuidade, como personagem, foi reduzida pois o tempo tomado para aprendizado na realidade impediu a concentração das ideias numa única e pequena crônica.
As diferenças existem, e isso é fato. Porém, infelizmente, o que não faz parte do nosso usual é tido como erro ou inadequado. O livro “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, mostra o preconceito regional de forma extremamente dramática, e a dificuldade de uma personagem tão pura na sua adaptação a um mundo tão malicioso; e o livro usado como apoio, “A Língua de Eulália: Novela Sociolinguística”, de Marcos Bagno, tem como proposta justamente a quebra das atitudes discriminatórias provenientes desses equívocos, e a importância de se valorizar as variações.
Foi com base nessas duas obras que a crônica “Não é biscoito!” foi criada.
NÃO É BISCOITO!
- Julia, me empresta uma canetinha?
- Pode pegar.
- Isto não é canetinha. Isto é caneta Bic.
- Pois é.
- Mas eu pedi canetinha.
- Desculpa, não estou entendendo...
Ricardo virou-se para a amiga que estava na carteira ao lado e retirou algo de seu estojo.
- Isto é uma canetinha!
- Pra mim, isso é hidrocor.
- Hidrocor?
- É como a gente fala no Rio.
- Vocês cariocas são muito estranhos. Se cumprimentam com dois beijos ao invés de um só, comem pizza com