Miguel (pinóquio)
Miguel era um menino pobre. Nasceu pobre. Tinha 12 anos. Morava no subúrbio, em uma casa simples de apenas dois cómodos, que dividia com o pai, a mãe e o irmão mais novo. Sua mãe fazia bolos pra vender na estação de trem e seu pai era porteiro de um prédio comercial.
Miguel frequentava a escola do bairro e era bastante aplicado, quando as aulas aconteciam. Isso porque aquele bairro estava em guerra entre duas facções de criminosos e, vez por outra, a escola era obrigada a suspender as aulas.
Seu José, pai de Miguel, mantinha uma relação de grande cordialidade com todos os que frequentavam o prédio onde trabalhava. Mas tinha um carinho muito especial pelo Sr. Arthur Vasconcellos, da sala 707. Sempre que podia, contava a Sr. Arthur sobre sua vida, sua família. Das dificuldades que tinha seu filho Miguel em frequentar a escola, etc.
Um belo dia, Seu José recebeu um envelope do Sr. Arthur. Nele continha um documento que constava que Miguel teria uma bolsa integral de estudos no melhor e mais caro colégio de São Paulo. Seu José mal podia se conter de tanta alegria. Afinal, pensava ele, agora o futuro do meu filho está garantido, ele pode ser “gente. E foi pra casa contar a novidade para todos. “
Em casa foi uma festa. Dona Maria, mãe do Miguel chorou, e todos comemoraram alegremente aquela oportunidade que a vida havia lhes dado. Seu José fez apenas uma observação, que fora feita pelo Sr. Arthur: a de que Miguel precisaria estar sempre com notas acima da média. Caso contrário, a bolsa seria automaticamente cancelada.
Na semana seguinte, começaram as aulas de Miguel.
Como morava longe, ele tinha que sair de casa de madrugada, ainda escuro pra pegar o trem e depois duas conduções pra chegar a escola. Por mais que sua mãe tenha engomado o seu uniforme, no trajeto longo, ficava todo amarrotado.
Miguel não foi muito bem recebido, por assim dizer. Naquele colégio cujo valor da mensalidade era maior do que o que seu pai recebia no semestre