midia e consumismo
Um supermercado branco que, ao invés de produtos, vende caixas vazias com dizeres que vão desde slogans famosos até frases de auto-ajuda. Esse é o cenário predominante de 1,99 - Um supermercado que vende palavras. Não se trata de um filme comum. Ao contrário, a crítica o caracteriza com adjetivos que variam de "diferente" ou "estranho" até "entediante" ou "falso".
Apesar das percepções, que vão do amor ao ódio, não se pode negar que o filme leva à reflexão sobre a sociedade de consumo na qual estamos imersos e sobre o porquê de nossa apatia e passividade perante os apelos da publicidade. Dirigido por Marcelo Masagão, 1,99 foi concebido depois da leitura do livro Sem logo, de Naomi Klein, que trata da necessidade das grandes marcas se fetichizarem cada vez mais, e diz que o slogan é mais importante que o produto em si. No caso do filme, o preço 1,99 e as "palavras" escritas nas embalagens acabam sendo mais importantes do que os próprios produtos.
Os personagens-consumidores são apáticos, parecem robôs direcionados, influenciados pelos dizeres que são lidos nas prateleiras: "seja você mesmo", "você é único", "você conhece, você confia". O que se vende é a realização dos desejos, sejam eles consumíveis ou não. Seqüências sem cortes, com a luz vinda de baixo, dão o tom impessoal e asséptico que contribui para a sensação de estranhamento que se tem ao assistir o filme.
As seqüências compõem-se de pequenas estórias que utilizam metáforas, por vezes incompreensíveis a primeira vista. Um personagem é submetido a um tipo de avaliação onde é possível que ele veja toda sua trajetória de consumo, mostrando produtos que fizeram parte de sua vida desde a infância até a idade adulta, numa relação entre consumo e status social e cultural. A indústria da beleza e do culto à forma também é abordada, quando uma mulher magra vai ao provador e, ao olhar-se no