Microsporideos
Introdução
O desenvolvimento de técnicas eficazes de imunossupressão que viabilizaram e tornaram freqüentes transplantes de órgãos sólidos e de medula óssea, o aperfeimento da terapêutica antineoplásica, bem como o surgimento da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), levaram a um incremento significativo de infecções de seres humanos por parasitas que apresentam caráter tipicamente oportunista. Ao mesmo tempo, outras espécies parasitárias cujo comportamento oportunista não é tão evidente tiveram seu modo de ocorrência alterado em hospedeiros imunocomprometidos, muitas vezes desenvolvendo quadro mais grave do habitualmente encontrado em hospedeiros com resposta imunitária conservada.
No presente trabalho serão apresentados dados acerca da ocorrência de enteroparasitoses determinadas por Cryptosporidium parvum, Cyclospora cayetanensis, duas espécies de Microsporídeos (Enterocytozoon bieneusi e Encephalitozoon intestinalis) e Strongyloides stercoralis, em nosso meio, com especial ênfase para pacientes imunocomprometidos.
Cryptosporidium parvum
Embora descrito em 1907, apenas em 1976 o C. parvum foi reconhecido como patógeno para seres humanos. Todavia, somente após o surgimento da Aids é que casos humanos de infecção por este protozoário passaram a ser diagnosticados com freqüência (O'Donoghue, 1995). Percebeu-se, então, que a infecção por C. parvum, embora apresentasse curso mais grave nos pacientes com alterações em sua resposta imunitária, também era encontrada em indivíduos imunocompetentes, nos quais revela curso autolimitado, porém não necessariamente assintomático (Current & Garcia, 1991).
As fontes de infecção na criptosporidiose humana são seres humanos infectados, que eliminam oocistos em suas fezes e diversas espécies de animais sinantrópicos que igualmente albergam o parasita e apresentam excreção fecal de oocistos. É interessante destacar que na criptosporidiose, ao contrário do que comumente ocorre entre as