Microbioma humano
Companheiros Invisíveis
Os resultados do Projeto Microbioma Humano – o mapeamento dos seres microscópicos que vivem em nós – começaram a ser divulgados em junho.
Companheiros Invisíveis-
Ao se olhar no espelho de manhã, você nunca está sozinho. Vivendo na boca, no nariz, nas orelhas, no intestino, nas áreas genitais e na superfície da pele há um sem-número de seres minúsculos cuja atuação tem enorme influência em nosso cotidiano. A maior parte deles nos ajuda em tarefas como alimentar nossas células, digerir os alimentos, sintetizar vitaminas e manter nosso sistema imunológico ativo. Uma parcela, porém, pode estar por trás de problemas como asma, doença inflamatória intestinal, câncer e até obesidade.
Esse segundo genoma – o microbioma (ou microbiota) – representa um desafio colossal para os pesquisadores. As cerca de dez trilhões de células humanas que cada pessoa saudável possui convivem com aproximadamente 100 trilhões de células não humanas – bactérias, vírus e fungos. Para cada gene humano há cerca de 100 genes microbianos. Mas, até recentemente, apenas cerca de 1% dos micróbios podia ser cultivado – a única maneira de estudá-los.
A evolução das técnicas de sequenciamento de DNA, porém, tornou possível detectar esses microrganismos diretamente, o que facilitou a pesquisa. Uma ideia básica passou a atrair os cientistas: se existem bactérias que nos fazem adoecer e até morrer, há outras que contribuem para a nossa saúde. “Já sabíamos há bastante tempo que essa microbiota é responsável por diversos efeitos benéfi cos para o hospedeiro”, afirma Flaviano Martins, professor do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Entre eles estão a maturação e modulação do sistema imune, a resistência à colonização (ou seja, a capacidade dessa microbiota de não deixar que microrganismos patogênicos se instalem) e a maturação e contribuição na fisiologia digestiva, em especial com a produção de vitaminas do complexo B e