Meu nome é alan
O texto de Pero Vaz de Caminha tem a preocupação básica de informar, procurando transmitir o máximo possível de dados a respeito do que ocorria e do que o escrivão via, ouvia e sentia.
O fato de ser um texto informativo alia-se a outras importantes dimensões do documento, pois insere-se no esforço conjunto dos europeus, concretizado nos textos de viagem da época (especialmente nos escritos por integrantes das expedições), no sentido de construir alteridades, à medida mesmo que os navegantes entravam em contato com diversas terras e povos — alguns, como os índios e o futuro Brasil, totalmente desconhecidos deles —, com os quais seria preciso conviver dali em diante e, para conseguir dominar, sobretudo conhecer.
O escrivão português foi minucioso na elaboração do seu inventário de diferenças, incluindo não somente pessoas, mas animais, plantas, relevo, vegetação, clima, solo, produtos da terra, etc.
O texto do escrivão foi além. Reunindo o que viu às categorias que construiu, Caminha completou o ciclo: propôs ao rei, no final de seu texto, caminhos concretos para o aproveitamento do território e de seus habitantes, a saber: o desenvolvimento da agricultura e a cristianização dos índios. O escrivão viu o diferente, apreendeu-o segundo a sua própria mentalidade e, porque fez isso, foi capaz de dar o terceiro passo: sugerir ao monarca os caminhos do futuro, que eram os caminhos da