Metrópole em sinfonia
*André Gardel é compositor de música popular, doutorando em Letras, professor de Literatura Brasileirana UFRJ e autor de O encontro entre Bandeira e Sinhô.
Quem já ouviu falar em Zezinho da Casa Verde, Paraguassu, Barão, Rago, Antonio DÁurea, Vassourinha, Pé Rachado, Raul Torres, Zezinho do Banjo, Copinha, Canhoto, Capitão Barduíno, José Rielli, Chico Pinga, Madrinha Eunice, Livinho da Vai-Vai, José Pereira, Gaó, Pinheirinho, Chorões Sertanejos, Turunas Paulistas, João Carrasqueira, Geraldo Filme, João Pacífico, Sorocabinha, Nenê da Vila Matilde, Dona Sinhá, Osvaldo Gogliano e João Rubinato? Dos dois últimos certamente que sim, pois se tratam, respectivamente, de Vadico, famoso parceiro de Noel Rosa, e de Adoniran Barbosa, ícone supremo da canção popular paulista. E os outros nomes? Com eles vamos pouco a pouco nos familiarizando, ao entendermos sua importância para a formação da cultura popular paulistana nas primeiras décadas do século, na medida em que avançamos na leitura de Metrópole em sinfonia: história, cultura e música popular na São Paulo dos anos 30.
O livro é uma espécie de continuação temporal, e menos pretensiosa, do trabalho de outro historiador, Nicolau Sevcenko, que se deteve, em Orfeu extático na metrópole, basicamente à São Paulo dos anos 20. Sem abusar das adjetivações míticas da linguagem historiográfica de Sevcenko, e sem se propor a abranger o mesmo espectro cultural, pois se preocupa em essência com a cultura e a música popular, o livro de Geraldo Vinci de Moraes é um estudo fundamental para reavaliarmos a importância do ''folclore urbano'' paulistano dentro do contexto geral da música popular brasileira. Mais especificamente, para que se reescreva, sem bairrismos ou hierarquias impressionistas, o verdadeiro perfil de um processo de formação cultural rico e diversificado, porém pouco estudado. Não sem