METODOLOGIA DA PESQUISA
Capítulo 1 - A PROBLEMÁTICA DO CONHECIMENTO Heitor Matailo Jr.* A preocupação com o conhecimento não é nova. Praticamente todos os povos da antiguidade desenvolveram formas diversas de saber. Entre os egípcios a trigonometria, entre os romanos a hidráulica, entre os gregos a geometria, a mecânica, a lógica, astronomia e a acústica, entre os indianos e muçulmanos a matemática e a astronomia, entre todos se consolidou um conhecimento ligado à fabricação de artefatos de guen-a. As imposições derivadas das necessidades práticas da existência foram sempre a força impulsora da busca destas formas de saber. Somente um povo da antiguidade teve a preocupação mais sistemática e filosófica comas condições de formação do conhecimento: foram os gregos. Paralelamente ao conhecimento empírico legado pelos povos do Oriente, Mesopotâmia e Egito, os gregos desenvolveram um tipo de reflexão- a intuição que se destacou pela possibilidade de gerar teorias unitárias sobre a natureza e desvincular o saber racional do saber mítico. Isto não quer dizer que os gregos tivessem abandonado sua mitologia e cosmologia em favor de urna saber racional, mas tão-somente que eles começaram a ter consciência das diferenças entre estas duas fonnas de logos. A episremé característica do pensamento grego era do tipo theoretiké, isto é, um tipo de saber adquirido pelos "olhos do espírito" 1 e que ia além* Fez estudos de Lógica e Filosofia da Ciência (Pós-graduação) na Unicamp. É professor na Universidade Federal do Piauí. 1. B. FARRINGTON, A ciência grega; M. WARTOFSKY, Introducción a La filosofia de La ciência; M. VARGAS, Metodologia da pesquisa tecnológica. Dos meros fenômenos empíricos. Esta diferença entre conhecimento prático- que estava ligado ao trabalho, à execução de atividades de produção de bens e coisas necessárias à vida - e conhecimento teórico - ligado ao prazer de saber - chegou a cristalizar-se como formas de