Metamorfoses do espaço habitado
Milton Santos concebeu este livro, em colaboração de Denise Elias, com o objetivo de debater algumas realidades do presente e os conceitos delas resultantes. Para isso, procura situar a geografia no contexto do mundo atual nos dois capítulos iniciais do livro, buscando nos demais rediscutir categorias tradicionais e sugerir algumas linhas de reflexão metodológica, tomando como ponto de partida as metamorfoses do espaço habitado. Para o autor, não é suficiente falar do espaço, mas é preciso definir categorias de análise e defini-lo à luz da história concreta, diferenciando-o, assim, da paisagem e da configuração territorial, ainda que estas compareçam como categorias fundamentais para seu entendimento. Nessa discussão, tem papel fundamental o reconhecimento da imbricação crescente entre o natural e o artificial, tema que permite retomar a discussão sobre a dicotomia entre geografia física e geografia humana.
A ideia principal do livro é contextualizar a geografia ante o processo de universalização do mundo, ou seja, a universalização da produção, das trocas e do capital, que acabam por trazer a reboque a universalização da cultura, das ideologias e do espaço. Dessa forma, o espaço assume um papel preponderante em um sem número de questões para o capital, que passa a administrá-lo pela lógica da especialização, dentro de lógicas próprias e, muitas vezes, alheias às realidades locais. Santos inclusive faz a ressalva importante de que esses espaços são habitados por populações cada vez mais heterogêneas, o que aumenta a complexidade na análise de categorias como região ou território. A seguir, após haver discorrido sobre a paisagem e seus tipos básicos (natural e artificial), o autor mostra que os processos para a sua modificação podem ser de ordem estrutural ou funcional, a depender das formas-lugares diferentes que possa assumir. Por último, cabe destacar que a organização espacial deve se pautar em quatro