Metafísica na modernidade
A metafísica, de uma maneira ou de outra, já vinha sofrendo críticas desde o início da Era Moderna. Estes detratores, vivendo em um ambiente cultural ainda dominado pela igreja católica – sempre apoiada na ação da Inquisição –, eram perseguidos e atacados, muitas vezes classificados como ímpios e ateus.
A “filosofia primeira” clássica ou moderna desde Descartes vinha se apoiando na ideia de que o pensamento humano possui a capacidade de conhecer a realidade como ela é em si mesma (conhecer “o ser do ser”). Isto significa, em outras palavras, que as ideias correspondem à realidade e esta correspondência era garantida por um Ser infinito (Deus). Esta relação era sustentada por três princípios básicos da filosofia, desde Aristóteles: o princípio de identidade; o princípio da não contradição e o princípio de causalidade.
Na Inglaterra do século XVIII o filósofo empirista David Hume coloca em questão todos estes princípios da metafísica ao afirmar que tais pressupostos não existiam – e consequentemente não eram ideias que tínhamos “impressas” em nossas mentes – tratando-se apenas de hábitos mentais, resultado de repetições constantes, que observamos na natureza. Assim também os conceitos metafísicos de substância, alma, matéria, causa-efeito, forma, etc., seriam apenas conceitos que povoam nossas mentes, fruto da associação de ideias (resultantes de percepções) e sem nenhum fundamento real. Depois de Hume a Metafísica não poderia mais ser a mesma, como vinha sendo praticada desde os gregos.
O primeiro filósofo a levar a sério a crítica de Hume ao pensamento metafísico foi Immanuel Kant. Segundo ele mesmo declara, Hume o havia acordado de seu “sono dogmático”, forçando-o a repensar toda a validade do conhecimento e refazendo, assim, a filosofia ocidental. Kant assume a tarefa de colocar a filosofia sobre bases mais sólidas, interrogando-se sobre as próprias possibilidades da razão. O filósofo levanta