Metaforas E Antiteses Como Marcas Do Desencontro TATIANA
METÁFORAS E ANTÍTESES COMO MARCAS DO
DESENCONTRO AMOROSO NO CANCIONEIRO POPULAR
Tatiana Alves Soares Caldas (CEFET / RJ) tatiana.alves.rj@gmail.com “O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.”
(João Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas)
Stephen Ullmann, em seus estudos acerca da Semântica, observou a quase inexistência de sinônimos perfeitos, afirmando mesmo não existirem sinônimos reais, uma vez que, em determinados contextos, a substituição de um sinônimo por outro destruiria o efeito de sentido.
Um dos métodos, segundo ele, para a delimitação de sinônimos consistiria precisamente em se estabelecer a distinção entre eles por meio de seus opostos. Desse modo, pela análise dos antônimos de um termo, estabelecer-se-iam as nuances semânticas entre os seus sinônimos. Sabe-se, ainda, que o significado assumido por determinado termo depende do contexto em que ele está inserido, estando as relações de aproximação e de afastamento – sinonímia e antonímia, respectivamente – subordinadas à necessidade de contextualização. Assim, uma vez depreendido o valor da palavra em determinado contexto, poder-se-ia perceber a eventual relação de antonímia que ela eventualmente estabeleça com outras. Bierwisch, ao pensar a obra de
Lyons no que se refere à antonímia, conclui que
Dois verbetes E1 e E2 (...) serão antônimos se seus significados forem idênticos, salvo que o sentido de E1 tem um componente C quando
E2 tinha C’, sendo que C e C’ pertencem a um subconjunto particular de componentes mutuamente exclusivos. (BIERWISCH, 1976, p. 165-166)
O cancioneiro popular, ao enfocar a temática amorosa, frequentemente privilegia o infortúnio como tônica do amor-paixão.
Partindo da constatação de que muitas dessas composições têm nas antíteses uma valiosa e eficaz representação dos conflitos e descamiAnais do XIII CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2009, p. 2097
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