metafisica-kant
Uma segunda espécie de crítica à especulação metafísica foi elaborada por Immanuel Kant. Na visão de Kant, o conhecimento é resultado da interação entre conceitos inatos e dados sensoriais brutos.5 Os objetos do conhecimento – as coisas de nossa experiência cotidiana – são resultado de uma elaboração prévia: os sentidos fornecem os dados originais que, por sua vez, são ordenados por aquelas estruturas inatas. Sendo assim, os objetos do conhecimento não são coisas externas ao sujeito ou independentes de suas faculdades cognitivas; ao contrário, são produtos da ação de um aparato cognitivo inato sobre os dados subjetivos captados pelos sentidos. O mundo em si mesmo (independente de nossas formas de percebê-lo e concebê-lo) seria algo absolutamente inacessível.6
Kant concede aos empiristas que os dados sensoriais são imprescindíveis, mas, em sua teoria, também é necessário que esses dados sejam sistematizados e organizados por estruturas conceptuais inatas. Em síntese, qualquer conhecimento requer forma e conteúdo. A forma é fornecida pelas estruturas inatas e o conteúdo pelos dados sensoriais.6
Da perspectiva kantiana, as metafísicas tradicionais cometeram o erro de tentar teorizar sobre coisas que estão além de qualquer experiência possível. As questões sobre a existência de Deus, a imortalidade da alma ou o livre-arbítrio não podem ser resolvidas pela razão humana, pois, em princípio, os supostos objetos estão fora de alcance do conhecimento empírico. Ao falar sobre Deus ou sobre o espírito os metafísicos tradicionais empregam conceitos familiares – como substância, identidade, causalidade etc.; mas essas estruturas só podem