Mestre
(1) RAMOS, Tânia Beisl Faculdade de Arquitetura – UTL/CIAUD taniaramos@fa.utl.pt
(2) PINTO DA SILVA, Carla Valéria
Faculdade de Arquitetura – UTL CIAUD carlavaleria@pintodasilva.pt
No ritmo da capoeira. A segurança urbana impondo nova organização espacial
Resumo Quando a Corte portuguesa chegou ao Rio de Janeiro em 1808 deparou-se com uma cidade despreparada para enfrentar os mais diversos problemas. Entre eles estavam aqueles relativos aos maus comportamentos e à organização do espaço. A solução passou pela criação da Intendência Geral de Polícia da Corte que procurou impor à cidade nova organização – espacial e social. Um dos problemas principais era o elevado número de população negra, e entre eles, os capoeiristas. Considerada inicialmente como uma actividade lúdica, a capoeira era, na verdade, treino físico para o ataque e a defesa pessoal em meio urbano. O berimbau comanda o ritmo e os movimentos corporais, que ora são lentos, ora acelerados, mas continuados. Atualmente basta o som deste instrumento para assinalar a presença de uma desportiva ‘roda de capoeira’, mas no século XVIII, esta atividade era anúncio de insegurança, e alvo de severas punições. Aspirando melhorias em termos de segurança urbana, o Rio de Janeiro foi alvo de medidas ‘educacionais’. Estas medidas sobrepunham costumes sociais e organização física da cidade que acolheu a Corte. Verificar como estas novas regras se projetaram na capital do país é um desafio, uma vez que, o ‘upgrade’ de ‘cidade capital da colônia’ para ‘capital do Império Português’ procurou apagar o passado colonial. Em Brasília, algumas características coloniais surgem como referências para a nova organização espacial presente nas superquadras. O modo de morar desenvolveu mecanismos de defesa, e a intenção de miscigenação social de Lucio Costa não foi alcançada. Também aqui, entre os ‘candangos’, o som do berimbau se faz ouvir, é memória