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A GEOGRAFIA CULTURAL POR PAUL CLAVAL
EDUARDO BRITO HENRIQUES1
Num sinal bem expressivo da actual reabilitação da geografia cultural, visível em diversas comunidades geográficas, foi publicada em 1995 uma interessante e útil obra em língua francesa sobre a matéria, da autoria de Paul CLAVAL2.
Poucos nomes estão tão estreitamente associados ao processo (bem sucedido) de reanimação dos estudos culturais na geografia francesa quanto o deste notável geógrafo da Universidade de Paris-Sorbonne. Responsável por um centro de investigação especificamente destinado aos temas da geografia cultural e da etnogeografia – o Laboratoire Espace et Culture, P. Claval ficou ainda ligado à criação, já nos anos 90, de uma revista trimestral inteiramente dedicada à mesma temática (Géographie et Cultures), facto que não pode deixar de ser considerado um gesto ousado. Não causa portanto surpresa que tenha sido este autor a produzir a obra em análise, concebida como um compêndio ou um livro de introdução às grandes temáticas da geografia cultural.
La Géographie Culturelle está organizado em quatro partes, que agrupam catorze capítulos num total de quase 400 páginas (incluindo a extensa bibliografia com mais de 500 referências).
A primeira parte – a mais curta – é consagrada à história e teoria da geografia cultural. Cobrindo os principais períodos da evolução do pensamento nesta área disciplinar, fornece uma síntese actualizada das diversas sensibilidades geradas ao longo do tempo no seio da geografia cultural, com referência inclusivamente às actuais tendências da chamada new cultural geography. É todavia na análise que faz da geografia cultural alemã do final do século XIX, muito fértil mas a respeito da qual se dipõe em regra de escassa informação, que reside a maior utilidade desta parte da obra.
A segunda parte do livro trata das relações entre a cultura e a vida social.
Numa linguagem clara e acessível, P. Claval