Mestre
Milton Nascimento
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação De fecundar o chão.
Análise: O título Cio da terra sugere a fertilidade da terra, pois, cio lembra fecundação.
1ª Estrofe: É do trigo que vem o pão( alimento), isso nos remete a uma passagem bíblica “Multiplicação dos pães”. Observar que os verbos estão no infinitivo, pois, significa uma ação contínua.
2ª Estrofe: Serviço braçal, comparação do açúcar da cana com o mel. A cana é plantada pelo homem ou, seja, ele só tem o açúcar se trabalhar, já o mel é fornecido pela natureza (abelha). Há que se respeitar a natureza.
3ª Estrofe: Preparar a terra carinhosamente, respeitá-la. Cio x fecundação, é no cio que acontece a fertilidade e assim a origem da vida.
Observamos também o paralelismo (trigo,trigo,pão,pão, cana,cana,mel,mel) nas estrofes, último verso, começando com pronome oblíquo determinando o uso do coloquial.
Asa Branca
Luiz Gonzaga
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para eu voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus oio
Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Análise:
1ª Estrofe: O eu da canção vê a terra pegando fogo e a compara com a fogueira de São João. Questiona a Deus o porque da situação e de tamanha judiação.( o fogo tem valor de destruição).
2ª