mestre
Roberto Barros Dias
A Eneida de Virgílio, escrita no século I A.C foi uma tentativa de narrar em poema a origem dos romanos; a Ilida e a Odisseia de Homero trazem em suas linhas a mesma intenção, essas relacionadas à Grécia. Na obra Os Lusíadas, pedindo licença aos gregos e troianos, Luiz de Camões apresenta Portugal como o grande que se levanta e que por isso precisa ser cantado em verso. Ele diz: Cessem do sábio Grego e do Troiano/As navegações grandes que fizeram; Cesse tudo o que a Musa antiga canta,/Que outro valor mais alto se alevanta.
Todas essas iniciativas literárias, encomendadas ou não, contribuíram para a formação de uma compreensão de povos, suas histórias e identidades. Seguramente, essas obras refletem como um espelho o modo de ser e agir, os valores éticos (virtuosos), as cosmovisões e as mitologias dos clássicos romanos, dos gregos e dos portugueses.
A “invenção” de uma identidade brasileira tem sido um esforço que conta com muitos historiadores, economista, antropólogos e sociólogos dentre e fora do Brasil. Só para lembrar nomes de alguns desses autores do século passado podemos citar: Gilberto Freyre, Sérgio
Buarque de Holanda, Caio Prado Junior e Celso Furtado, os quais com seus métodos e visões deixaram significativas contribuições discutíveis e abertas, como deve ser toda narrativa das ciências sociais e humanas que se propõe a dizer de um povo.
Em 2000, durantes as celebrações e manifestações em torno dos quinhentos anos da chagada dos portugueses ao Brasil, recebemos, enquanto estudantes e professores, a obra
Espelho índio: a formação da alma brasileira trazendo uma novidade na forma de lançar olhares sobre nossa história. A novidade do autor está no objetivo central de sua pesquisa. Ele busca compreender o complexo fenômeno que o mesmo denomina “alma brasileira”, dando um passo expressivo nas tentativas de “inventar” a identidade brasileira. Para tal
empreendimento