Mestre
INTRODUÇÃO De acordo com Konrad Lorenz (1983), “apenas dois animais entraram no lar humano
noutra qualidade que não a de prisioneiros, e foram domesticados por outros meios que não a servidão forçada: são eles o cão e o gato. (...) Não há animal doméstico que tenha alterado tão radicalmente todo o seu modo de vida, até mesmo toda a sua esfera de interesses, que se tenha tornado doméstico duma forma tão genuína como o cão; e não há animal que, no decurso da sua associação secular com o homem, tenha mudado tão pouco como o gato.” (Introdução) 1. DESENVOLVIMENTO SOCIAL O comportamento social possui uma enorme importância em termos de sobrevivência, e, a maioria desses comportamentos são um reflexo directo da organização social da espécie (Overall, 1997). 1.1. A vida social do cão Tem sido proposto que os cães se associaram originialmente ao homem por vontade própria, recebendo, em troca da sua companhia, recompensas alimentares. De acordo com achados arquelógicos, o cão doméstico foi a primeira espécie a dsenvolver uma relação de comensalismo com os humanos há cerca de 14.000 anos, apesar de recentes descobertas no campo da genética apontarem para algo como 35,000 e 100,000 anos atrás. A sua origem parece estar relacionada com o lobo Asiático (Vila & Savolainen, 1997; Savolainen et al., 2002 em Feuerstein & Terkel, 2007). O cão, como espécie altamente social, atravessou um longo processo selectivo,
ocupando, hoje em dia, um lugar único na sociedade humana. Adicionalmente ao seu papel como animal de estimação, os cães são usados para uma enorme variedade de finalidades práticas e recreativas: cães de guarda, cães guia para invisuais, cães detectores de explosivos, e ainda como detectores de odor para a identificação de variados tipos de cancro (McCulloch et al., 2006 em Feuerstein & Terkel, 2007). Todos os elementos do grupo dos canídeos partilham determinados padrões sociais, exibindo a tendência para seguir um líder quando em matilha. As diferenças no