Mestre
“Pour comprendre l´autre, il ne faut pas se l´annexer, mais devenir son hôte”
Faustino Teixeira
PPCIR-UFJF
Resumo: O diálogo inter-religioso apresenta-se hoje como um dos grandes desafios do século XXI, sendo caminho essencial para a afirmação de um horizonte de paz para a humanidade. Trata-se de uma das artes mais difíceis e arriscadas da conversação, mas essencial na construção de uma cidania que respeite a alteridade. O objetivo desse artigo é apresentar a trajetória de um dos grandes interlocutores do diálogo entre cristianismo e islã, Louis Massignon (1883-1962), um pioneiro na abertura da igreja católica ao mundo muçulmano. Com sua perspectiva de vida e reflexão favoreceu um novo olhar sobre o islã, esse mundo religioso que envolve hoje cerca de uma em cada cinco pessoas do mundo.
Palavras-Chave: Diálogo, Cristianismo, Islã, Mística, Hospitalidade.
Introdução
Louis Massignon (1883-1962) foi um grande buscador no campo do diálogo inter-religioso, com sua particular vocação de abertura ao islã. É reconhecido como um dos singulares conhecedores do islã e dos árabes, sendo responsável pela renovação dos estudos de mística muçulmana e também pela mudança da perspectiva missiológica católica com respeito ao mundo muçulmano. Na visão de Henri Teissier, ele representou para a igreja católica o papel de “precursor incontestável, artesão incansável e testemunho extraordinário do empenho evangélico em favor da solidariedade espiritual com o islã e mais em geral com todos aqueles que buscam o absoluto no nosso tempo”.[2] Um traço original de sua vida foi a capacidade de conjugar pesquisa e vida, empenho acadêmico e desvelo espiritual. Trata-se de alguém marcado por grande sensibilidade e entranhas de compaixão. Ao testemunhar sobre o amigo Massignon, depois de sua morte, Jacques Maritain sublinhou como traço de sua herança a unidade radical entre a ciência mais erudita, a “devoradora sede mística