Merleau-ponty: cerceamento da liberdade em sociedades totalitárias.
MERLEAU-PONTY: CERCEAMENTO DA LIBERDADE EM SOCIEDADES TOTALITÁRIAS.
Na obra Humanismo e Terror, vemos a discussão do problema da liberdade como crítica dos totalitarismos. Ou seja, Merleau-Ponty enfoca o problema da dimensão social da liberdade, referido o sujeito enquanto inscrito numa sociedade e no contexto histórico-político. O objetivo deste artigo é mostrar e avaliar como se desenvolve o exercício da liberdade frente ao poder (estatal/institucional) na obra Humanismo e Terror de Merleau-Ponty. Utilizaremos para o nosso propósito, além do livro citado, o terceiro capítulo da Fenomenologia da Percepção, que se intitula A Liberdade, assim como comentadores da obra do filósofo em questão.
Palavras-Chaves: Merleau-Ponty; Liberdade; Poder; Estado; Violência; Comunismo; Crise.
INTRODUÇÃO
Partilhamos aqui da visão que toda sociedade é mutável, isto é, os indivíduos que a constitui também a constrói. Uma sociedade é mesmo um organismo vivo, ou melhor, um sujeito incorporado. Logo, é algo histórico, possui um tempo, um tempo humano (subjetivo), não se constitui por um tempo externo/eterno, o passado adquire seu significado no presente e o futuro será aquilo que foi feito hoje, o passado não vai determinar o presente de uma sociedade, vai sim colocar limites, vai impor uma situação que não será sempre a mesma. Enfim, nós somos protagonista da história do mundo e está história não passa por cima de nós, ela nos atravessa a cada momento sem mesmo termos consciência disso, a história não está pronta, ela está por construir.
É sabido que a cultura que nós estamos envolvidos, que nascemos nós molda, forma a nossa identidade, em uma palavra tem força suficiente e necessária para condicionar o nosso jeito de agir no mundo, de se relacionar com o mundo. É aqui que entre em cena o filósofo francês Merleau-Ponty: a história, a sociedade é tudo aquilo que sedimentou no nosso corpo, pois é este corpo que faz a minha comunicação com o mundo, com os outros.