mercado escola e a formação de jogadores de futebol no brasil
MERCADO, ESCOLA E A FORMAÇÃO DE JOGADORES DE FUTEBOL NO
BRASIL
Antonio Jorge Gonçalves Soares – UFRJ
Tiago Lisboa Bartholo – UFRJ
Agência Financiadora: CAPES e CNPq
Introdução
Os estudos sobre os processos de detecção e treinamento de talentos no futebol indicam que o mercado desse esporte tem como suporte um novo tipo de agência de formação profissional que recruta jovens adolescentes, em geral, pertencentes às camadas populares (RIAL, 2006; DAMO, 2005; PAOLI, 2007). Esses jovens investem um tempo significativo de suas vidas nessa carreira e possuem como horizonte um mercado altamente competitivo, com poucos postos de trabalho valorizados economicamente. Observemos que para os malsucedidos há dificuldades na reconversão do capital acumulado – conhecimentos sobre o esporte e aprendizagens corporais – em capital econômico no exercício de outras ocupações profissionais.
A formação no futebol pode se iniciar a partir dos 12 anos de idade, muitas das vezes em regime de albergamento, e tem uma duração de aproximadamente 5.000 horas de trabalho voltado para o domínio de técnicas corporais e psicológicas para a prática esportiva (DAMO, 2005). Essa carreira exige dedicação integral e extenuante trabalho corporal para aqueles que pretendem entrar nesse afunilado mercado. Todavia, é nesse mesmo período da vida que a Educação Básica, em tese, exige do jovem dedicação na incorporação de capital cultural para que possa ser uma das chaves de acesso ao mercado de trabalho. Em outras palavras, estamos falando da possibilidade de reconversão do capital cultural, em seus diferentes estados, em capital econômico, no sentido de Bourdieu (1998).
A luta dos jovens que aspiram serem jogadores de futebol, seus sonhos e frustrações tem sido objeto do cinema, da televisão e dos jornais, mas não tem recebido a mesma atenção das pesquisas sobre a formação profissional no esporte no campo da educação e de áreas correlatas. Observemos que essa agência de formação