mente
Estou achando ótimo e usando a meu favor todos os meus conhecimentos sobre a neurociência do aprendizado. Primeiro, para não desanimar antes de sequer começar, achando que eu já sou burra velha demais para a empreitada. Muito pelo contrário: tenho uma vantagem enorme sobre meus filhos, donos de cérebros novinhos. Primeiro, porque, com a minha bagagem de 15 anos de estudo formal de teoria musical, piano e flauta, ler partituras, ainda mais com uma pauta só, é trivial.
Segundo, porque os anos de prática no piano me deram uma boa coordenação motora e, mais importante ainda, ensinaram meu cérebro a fazer coisas diferentes com as duas mãos sem grandes problemas.
Ainda assim, o repertório de movimentos aprendidos com o piano não incluía puxar cordas, dedilhá-las com o polegar, nem fazer hammer-ons e pull-offs com os dedos da mão esquerda. Como chegar lá?
Começamos, meu professor e eu, avaliando o que eu já sabia fazer ao violão (acordes de bossa-nova, aprendidos sozinha de brincadeira) – e o que eu não sabia, mas gostaria de aprender. A partir daí, recebo toda semana exercícios novos, progressivamente mais difíceis. Uns são simples de ler e exigem apenas prática, prática, prática, até o cérebro aprender o que fazer com os dedos; outros exigem quebrar a cabeça para descobrir onde no braço do violão dará para tocar todas aquelas notas ao mesmo tempo. Mas o desafio é parte da graça, e me mantém motivada. O professor, num arroubo de otimismo ainda maior que o meu, me propôs na terceira aula aprender a tocar Astúrias, de Albéniz – simples e lindíssima, mas cheia de notas repetidas a toda velocidade, muito além das minhas capacidades.
Mas, atrevida que sou, resolvi tentar – e estou não só