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Quando ainda era menino, vez ou outra, minha mãe fazia um lanche pra todos nós (tipo o café da manhã), só que na hora do jantar. Eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela preparou um lanche desses, depois de um dia muito duro de trabalho. Ela pôs um prato de ovos mexidos, linguiça e algumas torradas defronte de meu pai, todavia, minha mãe não percebeu que os pães haviam passado do ponto, estavam queimados, sim, literalmente “torrados”.
Eu me lembro de ter esperado um pouco, pra ver se alguém notava o fato, mas tudo o que meu pai fez foi pegar uma das torradas, sorrir para a minha mãe, lambuzá-la com manteiga e em seguida comê-la, pausadamente, como se deliciasse com um algo deveras sublime...
Quando eu deixei a mesa, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado justamente as torradas dele. Eu nunca mais me esqueci das palavras que ele disse naquela noite:
– Amor, eu adoro torrada queimada...
Um pouco mais tarde, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele de fato ele havia gostava mesmo daquelas torradas queimadas. Ele me envolveu em seus braços e me disse:
– Filho, sua mãe teve um dia de trabalho exaustivo e pude perceber o quanto estava cansada... além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém...
Meu pai então sentou-se à beira da minha cama e continuou falando:
– A vida, filho, é cheia de imperfeições e por isso, as pessoas também são imperfeitas. Eu também não sou o melhor marido, o melhor pai, o melhor empregado... o que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, e pra isso, relevar as nossas diferenças é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.
Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos os dois a suprir as falhas um do outro. Eu por exemplo, sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando. Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas pequenas reformas aqui