Menino de engenho
Mirian Rodrigues Silva*
Menino de Engenho é, segundo depoimento do autor José Lins do Rego, uma autobiografia das cenas da sua infância que ficaram gravadas em sua mente. O autor diz que teve a intenção de escrever a biografia do seu avô - coronel José Paulino, que era para ele a figura mais representativa da realidade patriarcal nordestina. A dura realidade é recriada com muita imaginação e emoção através do gênero nordestino. O livro enfoca uma sociedade rural latifundiária e escravocrata cujas bases estavam sendo abaladas. O universo complexo em questão é o “mundo”do menino de engenho, que vai da pureza às maledicências, caracterizando uma realidade totalizadora e ao mesmo tempo um destino individual. Menino de Engenho é composto de quarenta capítulos curtos, que contam a triste história de Carlos, que perde a mãe, assassinada pelo pai, quando tinha apenas quatro anos. Órfão, é levado para morar com o avô, no engenho Santa Rosa. Lá inicia sua segunda infância, marcada por brincadeiras, banhos de rio, leite mungido e muitas traquinagens. Os relatos correm, da infância à puberdade com muitos causos, histórias de assombração, primeiro amor, as primeiras letras, as lições de sexo, e a partida para o colégio, que deixará para trás o inesquecível mundo do "Menino de Engenho". O ambiente retratado na obra é a Zona da Mata nordestina; o engenho de Santa Rosa se localiza no limite entre a Paraíba e o Recife. Os fatos marcantes da história acontecem no engenho, em vários ambientes como a senzala, a casa-grande e a cachoeira. O tempo presente no livro é cronológico. Vai desde quatro anos de Carlos até aos doze, quando vai para o colégio:
“Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu”.
“Tinha uns doze anos quando conheci uma mulher, como homem”. O livro é narrado em primeira pessoa pelo narrador-personagem Carlinhos, que é o protagonista da história. A narrativa é simples, segundo o próprio autor, baseada na linguagem dos