menina de ouro-resenha do filme
O filme “Menina de Ouro” é uma obra que foge às convenções esperadas. Não aborda questões de caráter lógico, e sim o aspecto humano em toda a sua fragilidade. Trata da fragilidade das questões humanas, éticas e familiares, ao nos mostrar até onde pode chegar o drama da existência. Nos aponta o papel dos traumas na vida de um ser humano, e nos apresenta uma idéia de familiaridade que se constitui fora dos laços de sangue que caracterizam tradicionalmente a família. As tentativas de constituições familiares, tais como os outros temas refletidos no filme, nos sugere que o filme de Eastwood é um retrato multifacetado clássico e elegante da realidade. A respeito das questões morais que marcam o filme, sob a ótica das tragédias familiares, “Menina de Ouro” questiona inteligentemente a questão da eutanásia (e põe à prova todas as variações de julgamentos ético-morais acerca deste problema). Pois, Frankie em uma situação delicada (fator em comum com a realidade), deveria optar por abrir mão da vida de Maggie - que lhe forneceu tanto sentido para a sua vida, ou por deixá-la viver infeliz, contra a própria vontade da lutadora. De um lado, há a escolha por preservar a vida de outrem – tão importante para quem o preserva – que não quer ser preservado. De outro lado, há a satisfação da vontade de outrem – tão importante para quem deseja o preservar – que resulta na separação final entre dois seres unidos pelo afeto. Diante deste impasse tão delicado e contextualizado em um cenário tão complexo, quem poderia julgar a decisão de Frank, sendo ela contra ou a favor do direito à morte? Ademais, o que é o cinema como ferramenta pedagógica, senão um cinema que instiga a reflexão acerca de temas sociais, éticos e humanos tão complexos e delicados?