Memórias Póstumas
Uma análise da obra “Memórias póstumas de Brás Cubas”
Rafaela Rodrigues da Silva Carvalho
Discente do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL/MG, rafaelarscarvalho@ymail.com
Daniel do Val Cosentino
Docente do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL/MG, dcosentino@terra.com
Resumo
O século XIX foi um período de grandes transformações para o Brasil. Entre sediar a capital do império português, proclamar-se livre e consolidar-se como nação, o debate sobre a abolição da escravatura esteve presente e atuante, contribuindo efetivamente para a construção da História nacional. Com efeito, a escravidão sustentou toda a estrutura produtiva da época, bem como configurou um elemento de contradição social. Se por um lado a elite agrária brasileira aspirava aos padrões culturais da Europa, por outro se valia de mão-de-obra essencialmente escrava, enquanto os europeus já adentravam na forma capitalista de produção. Nesse sentido, é passível de observação o fato de uma obra realista, escrita à época por Machado de Assis, apresentar-se como instrumento de análise da realidade social.
Palavras chave: realismo, escravidão, Machado de Assis.
Introdução
Publicada em 1881, a obra magna de Joaquim Maria Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, inaugurou o realismo no Brasil. O período literário então vigente, a saber, o romantismo, primava pelo caráter heroico e pelo idealismo de suas personagens. O
autor, ao contrário, abusa de recursos gráficos e narrativos, utilizando a ironia como força motora de seu romance, abarcando todas as fases da vida de um não-herói.
Nascido no seio da elite carioca, Brás Cubas, a personagem central do romance, contraditória e psicologicamente complexa, reflete um homem com problemas existenciais, sem nenhuma grande realização. Apresentando-se como um “defunto autor”, Cubas inicia a
narrativa