MEMÓRIAS PESSOAIS E FAMILIARES DA GUERRA DO KUITO-BIÉ
A triste guerra do Kuito, a chamada guerra dos 9 meses, foi para muitas sociedades angolanas, africanas e até a nível mundial um acontecimento histórico carregado de dor, sangue e lágrimas, onde cada família que sofre as suas agruras, perdeu directa ou indirectamente uma ou mais pessoas, engolidas pelo demónio que traziam aquelas armas portadas igualmente por homens sem o mínimo de respeito e consideração pela vida humana.
A guerra é uma das únicas acções praticadas pelo homem e que é reprovada consequentemente pelo próprio homem, uma vez que não traz nada de bom, pelo contrário promove o ódio entre irmãos que sem compaixão acabam tirando a vido um do outro.
Ainda pesam sobre as nossas almas e com certeza pesarão por mais tempo, o luto e a dor vivenciada alguns anos atrás, ao vermos os nossos irmãos partirem sem despedir e para já mais voltar por motivos de algo que poderia muito bem evitado pelos homens.
Desenvolvimento
O dia do rompimento da guerra dos 9 meses
Embora muito criança naquela época sinto como se fosse hoje aquele triste dia do rompimento da guerra na cidade do Kuito. De repente eclodia uma enorme confusão jamais vista, que veio retirar a paz e a calmia até então vivenciadas pelos munícipes do Kuito. Ouvia-se ruídos vindos de todos os lados provocando uma autêntica desordem e as pessoas corriam para todos os lados, alguns achando que na parte mais alta da cidade havia calma e protecção, outros achando exactamente o contrário, enfim estávamos de repente dentro de um grande caos.
Muitas pessoas não entendiam o que se passava, inclusive eu, que na altura era muito pequeno, eu vi a aflição estampada no rosto de meus pais que tentavam a todo custo manter a calma, procurando nos proteger a mim e aos meus irmãos, não deixando que nada de mal nos acontecesse.
No interior da cidade, o caos era tão grande que as lojas, mercados, as escola, os bares e restaurantes ficaram abandonados e como onde existe