Memórias de um Bolchevique

Memórias de um Bolchevique
Eu tinha 25 anos quando ideias socialistas começavam a dar seus primeiros passos na Rússia. Minha situação era ruim, trabalhava em uma fábrica em Petrogrado, aonde ganhava pouco, quase nada, mal dava pra me sustentar. A vida estava deplorável em 1904, daí então em 1905 o caos tomou realmente as várias cidades russas. Lembro-me como se fosse agora, aqueles montes de gente pedindo ajuda ao Czar, o grande paizinho. Acho que eu era o único que não gostava de sua forma de governo hipócrita. O povo foi pedir sua ajuda no extremo desespero por reformas, e eis que ele mostra sua verdadeira face. Aquele domingo foi o mais horrível e sangrento da história, me arrepia só de lembrar, mas no final das contas Deus estava ao meu lado e escapei.
Pensei que perderia tudo. Aquela época foi conturbada, havia insegurança pelo fato das greves estarem a todo vapor. Eu permaneci em meu emprego até meados de 1914. Tinha certeza que coisas boas não estavam por vir, pois eram muitos os boatos de guerra e a entrada da Rússia nela. Dito e feito, minha pátria entrara ao lado da Entende, também em 1914. Particularmente, minhas esperanças em continuar uma vida normal eram nulas, tudo estava muito errado. Todos estavam se alistando para guerrear, mas sem muita fé na vitória. Não havia munições, nem armas, muito menos pessoas suficientes para produzir, a coisa ficou feia, o povo indignado e o governo desestruturado. Até que em fevereiro, derrubaram o Czar e eu dei graças a Deus por isso. O canalha, na verdade, abdicou o poder, por pura covardia, daí então os Mencheviques entraram e deixaram nosso país na guerra. Doeu-me ao ver que Mencheviques subiram no poder, com suas ideias de desenvolver a Rússia, depois fazer a revolução. Tínhamos que fazer a revolução já, não havia como esperar, ainda mais naquela fase.
Dois meses de aflição, até que nosso grande líder Lênin voltou do exílio. O que eu poderia fazer? Já não tinha mais voz, apenas um desejo Bolchevique