Memória da educação escolar no brasil contemporâneo
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Introdução
Este paper tem como objetivo fazer uma reflexão sobre as possíveis articulações entre a educação escolar e a educação midiática no Brasil. A proposta nasceu da necessidade de melhor contextualizar o papel das mensagens da cultura das mídias para amplos segmentos da população brasileira fugindo dos juízos de valor. Estigmatizado e muitas vezes visto como pura manipulação creio que o conteúdo proposto pelas mídias há muito vem ajudando a construir a formação cultural do brasileiro. Em outras palavras, o contexto desta discussão nasceu da necessidade de fundamentar a hipótese de que os produtos e mensagens midiáticas podem servir como fonte de capital cultural, podem ser usados como veículos difusores de um saber que em condições propícias de socialização passam a atuar como elementos distintivos.
Em artigo anterior, Setton (2004) considerou a possibilidade de pensar a educação popular no Brasil como um bloco de cultura híbrido, profundamente marcado pelas influências da cultura escolar e midiática. Servindo-se da idéia de cultura enquanto processo, afirmou que a cultura popular ou cultura de massa, em muitos momentos se confundem, pois ambas, juntamente com a cultura dos segmentos escolarizados, formam um bloco maior. Neste sentido, proponho dimensionar a força, o alcance e o limite destas duas formas de educação. Acredito que pensar a história da escolarização articulada à história da indústria de bens simbólicos no Brasil ajudaria a conceber a especificidade de parte da educação e da cultura de nosso país. Sobre educação em geral e no Brasil
Em seu conhecido Educação e Sociologia, Durkheim apresenta uma discussão sobre a função da educação. Para ele, “a educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e