Memorias Escolares

Doces Lembranças

“Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? Assim: como se me lembrasse. Com um esforço de Memória, como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva.”
Clarice Lispector

Nas minhas memórias o jardim de infância foi inesquecível. Vivi intensamente. Quando me recordo de meus seis anos me vem à lembrança do arco íris pintando o céu. Recordo-me de todos os meus professores, desde o pré até a oitava série. Quando fecho os olhos posso sentir exatamente o orvalho que exalava em minha escola, que não tinha muros, e sim uma cerca que a separava da nossa pequena cidade. Foram momentos maravilhosos! Morava em uma cidade interiorana, íamos todos caminhando, era sempre uma festa, desde o encontro até a saída. Mas como nem tudo são flores, logo no pré tive que enfrentar uma pequena prova de fogo, pois era fora de faixa, seria reprovada por tal motivo, mas minha mãe moveu mundos e fundos, e fiz testes e mais testes. E lá fui eu para a primeira série. Nos anos seguintes resumem-se a estudar e brincar. Os amigos eram tantos e na hora do recreio sempre acontecia algo. Recordo-me que foi numa dessas ocasiões que descobri que existia signo e que o meu era gêmeos, isso em cima do pé de uma figueira grande a qual nos cobria, com sua graciosa sombra, nossas doces brincadeiras de infância. E assim foram passando meus primeiros anos de alfabetização.
Então chegou o momento tão esperado de cursar o famoso ginásio e com ele o receio de não conseguir?! Nossa quanta expectativa! Mudar de escola, ter vários professores – e rever os velhos amigos. No primeiro momento foi tudo perfeito, mas logo a matemática mostrou a que veio. Eu e a língua Portuguesa até os dias de hoje não somos tão íntimas. À época tive uma grande revelação, o verdadeiro valor da leitura. Passei a vê-la como um alimento essencial para a vida. Mas as revelações estavam só