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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃ O EM SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
EVOLUÇÃ O, NATUREZA HUMANA E TEORIA SOCIAL*
Bernardo Sorj
INTRODUÇÃO
A bomba atômica estabeleceu a possível destruição do conjunto da espécie humana e redefiniu o tema da confrontação entre tecnologia e humanidade, como sendo um problema que transcende um tipo determinado de organização social, para transformar-se, ela mesma, a tecnologia, no centro de determinação do futuro da sociedade. Assim, após a segunda guerra mundial, surgiram novas práticas e movimentos sociais que tomaram como horizonte o destino da humanidade independentemente de modelos específicos de sociedade.
O questionamento do impacto das novas tecnologias sobre o homem e o meio ambiente culminou no movimento ecológico. Este movimento redescobriu a natureza como força vital, organizadora e veículadora de uma sabedoria superior àquela produzida pela cultura e, particularmente, pela ciência. O ecologismo se desenvolveu a partir da crítica da idéia de progresso, construída de falsos pressupostos, através de que seria possível o controle do homem sobre a natureza e da existência de recursos naturais infinitos.
O ecologismo, na verdade, navega em mares ambíguos. A sua crítica ao impacto da ciência e da tecnologia se realiza, geralmente, com argumentos retirados da própria ci ência. A "natureza", que a ecologia se refere, não é nada natural, ela é uma construção derivada dos conceitos da ciência moderna; a camada de ozônio e a diversidade biológica só tem sentido no contexto de uma crença no discurso científico. Ainda assim, a ecologia, como a principal ideologia dos países avançados neste fim de século, recolocou o homem dentro da natureza, ligando o destino da humanidade ao de seu meio ambiente. O grande conceito unificador passa a ser o da vida, nas suas diferentes manifestações, entre elas, a