memorial de formaacão
641 palavras
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IntroduçãoFalar sobre a minha a vida escolar, minha vida acadêmica é fazer uma espécie de um livro de recordações, é contar coisas boas e más de nossa experiência. É olhar para um tempo longe e trazê-lo para mais perto, é como se desse um “zoom” em momentos da nossa história. Fico muito envolvida com esse trabalho e também muito emocionada porque falo de um tempo da minha vida que somente agora entendo como foi e é importante para a minha profissão. A epígrafe de que lanço mão para abrir as reflexões deste artigo é parte da introdução de um memorial, escrito por uma professora em formação inicial, retirado de um corpus constituído de 46 textos, exemplares do gênero memorial, produzidos por graduandos em Letras, como trabalho de conclusão de curso1.
Reconhece-se, na passagem em foco, um narrador que, meta discursivamente, dá a conhecer ao leitor, sem a densidade da chamada linguagem técnica ou da “escrita teórica”, pelo menos três traços do funcionamento discursivo do gênero memorial, a saber: a finalidade comunicativa, o conteúdo temático e a postura/perspectiva que o produtor assume no curso da escrita de suas memórias, em relação aos objetos narrados. Relativamente a esse último aspecto, importa pôr em destaque a figuração do narrador no processo narrativo. No fio de sua narração e, portanto, na configuração da narrativa, dá-se a emergência de um narrador, que se expressa como eu (eu-narrador), o qual narra, sob um dado ponto de vista, as suas experiências acadêmicas e profissionais. Instala-se aí um jogo enunciativo e estético, como diz Bakhtin (2003), em que eu me torno um outro da minha própria história. O eu que é narrado – objeto sobre o qual se fala, o objeto tematizado – tem, sob a sua performance, a batuta de um eu-narrador que explica ao leitor o que é narrar e sob que perspectiva discursiva pretende abordar tal objeto e, portanto, construir o universo narrado/contado. Ou seja, essa figura da encenação narrativa