Memoria Da Santa Casa Da Misericordia De Sergipe

6914 palavras 28 páginas
Memória da Santa Casa de Misericórdia de São Cristóvão/se1

Thiago Fragata**

1 - INTRODUÇÃO

A antiga Santa Casa de Misericórdia de São Cristóvão e sua igreja, dedicada a Santa Isabel, formam com o Palácio Provincial e o Convento São Francisco o belo conjunto arquitetônico colonial da praça chancelada Patrimônio da Humanidade, ano passado.

Na Santa Casa a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição inaugurou asilo, orfanato e escola, nas primeiras décadas do século XX. A informação surge numa conversa amistosa com os moradores da ex-capital de Sergipe. Mas antes disso, o que teria funcionado em suas dependências? Pode a memória reconstituir e dar sentido a imponente, secular e fria arquitetura da Santa Casa? Enquanto o silêncio instiga a pesquisa, a curiosidade articula novas indagações...

Indagações ao patrimônio arquitetônico não diferem das indagações que Jacques Le Goff aconselhou fazer aos documentos ou fontes, suas respostas não serão decifradas se o pesquisador nada sabe dos mistérios da heurística.2 Oracular, portanto, são as pesquisas que no esforço de compulsar e interpretar informações de fontes diversas conferem sentido ao objeto estudado. A memória de uma instituição pública ou privada, jurídica ou financeira, se acha na documentação gerada. No caso da Santa Casa de Misericórdia outrora gerenciada por uma irmandade religiosa homônima na afamada quarta cidade mais antiga do Brasil, seus livros facultaram a execução da monografia “Servindo a alma e ao corpo: a Santa Casa de Misericórdia de São Cristóvão: séculos XVII, XVIII e XIX”, em 2000, ora sintetizada reconstitui sua trajetória, peculiaridades e dramas.

A pesquisa foi empreendida tendo como base as fontes primárias do Arquivo do Judiciário do Estado de Sergipe, principalmente os livros da Santa Casa de Misericórdia de São Cristóvão. A riqueza informativa desses documentos permitiu rememorar os primeiros séculos da instituição e sua decadência.

2 - UM POUCO DE

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