Mem Ria Da 2 Aula 02
Depois de um aprofundamento sobre a questão da mística, em que foi salientado que o místico está livre, não se deixando influenciar por vontades exteriores, à excepção da vontade de Deus, do divino, concluiu-se que se trata de uma pessoa que vive três dimensões (acção, indiferença e contemplação) na experiência Deus.
Continuando o percurso pelo mundo da espiritualidade oriental, debruçamo-nos sobre o seu cenário histórico, explorando elementos, como o escriturístico, o cristão primitivo, o intelectual e o monástico primitivo.
Assim, ao analisá-los, percebemos que os ortodoxos têm uma vivência muito conservadora em relação à Escritura. Para aqueles a Sagrada Escritura é a essência da piedade. No entanto, este conservadorismo que os ortodoxos deixam transparecer deve-se ao cesaro-papismo, um «sistema de relações entre a Igreja e o Estado em que cabia ao chefe de Estado a competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã, exercendo poderes tradicionalmente reservados à suprema autoridade religiosa, unificando tendencialmente em si as funções imperiais e pontifícias. Daí decorre o traço característico do cesaro-papismo que é a subordinação da Igreja ao Estado que chegou a atingir, às vezes, formas tão extremas que levou a Igreja a adoptar cânones proibindo o Estado de exercer poder eclesiástico, isso no âmbito doutrinal da Igreja.
A ideologia do cesaro-papismo assenta na ideia política imperial bizantina de querer usurpar a autoridade conciliar e o poder papal sobre a Igreja, na qual a política secular e a religião são entidades indissolúveis em que o sagrado é parte do temporal, de que o Imperador ("chefe de Estado") é chefe da Igreja.
Este fenómeno não é tipicamente cristão, mas também se verifica no Islamismo. Contudo, não se aplica a outras civilizações como a chinesa, indiana ou a japonesa. O cesaro-papismo existiu somente em ambientes históricos em que o Império e a Igreja entravam em cena, e após