Melyssa
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
RESUMO: Muitos psicólogos acham difícil acreditar que as tecnologias digitais, e principalmente a Internet, possam gerar mudanças na organização subjetiva de homens e mulheres contemporâneos. Paradoxalmente, estes psicólogos reconhecem que a organização subjetiva característica dos séculos XIX e XX – a do indivíduo – emergiu como resultado das mudanças desencadeadas pela Revolução Industrial. Por isso mesmo, este trabalho examina os aspectos que a Revolução das Tecnologias da Informação e a Revolução Industrial têm em comum. Explora, principalmente, as conseqüências humanas de ambas procurando tornar claro que algumas tecnologias podem gerar profundas transformações subjetivas, cuja compreensão é fundamental para a psicologia.
As novas formas de organização social e os novos espaços de vida geraram profundas alterações nos estilos de agir e de ser de seus contemporâneos. Alheio às paixões ideológicas que o urbanismo despertava em seus contemporâneos, o sociólogo alemão Georg Simmel voltou sua atenção para vários aspectos do cotidiano nos grandes centros urbano-industriais. Em “A metrópole e a vida mental”, publicado pela primeira vez em 1902 (Simmel, 1902/1987, ver também Wolff, 1964), já chamava a atenção para o papel modernizador que as metrópoles tinham sobre os comportamentos e os modos de ser de seus habitantes. Segundo ele, o cotidiano nesses novos espaços introduzia vários novos elementos na vida do urbanita: o excesso de estímulos, a divisão entre locais de trabalho e de moradia, a separação entre os domínios do público e do privado, os diferentes círculos de conhecimento, a racionalidade, a frieza, o anonimato, a reserva, o isolamento, o cálculo, a mobilidade, a pontualidade, etc. A essas novidades, correspondiam novos comportamentos e novos traços psíquicos.
Outras características que a primeira Revolução Industrial e a Revolução da Internet têm em