Melhoramento genetico
MELHORAMENTO GENÉTICO
1. INTRODUÇÃO Não deixa de constituir uma ingenuidade a idéia que prevalece no homem comum de que as plantas que cultivamos sempre tiveram a aparência que hoje apreciamos nelas. Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, a maior parte das plantas cultivadas atualmente são bem distintas das espécies selvagens que lhes deram origem. Já tivemos oportunidade de comentar as grandes diferenças entre o milho e o teosinto, a planta selvagem que se acredita tenha sido o ancestral daquele importante cereal. Outros exemplos, mais familiares a todas as pessoas, podem ser citados para mostrar como as plantas cultivadas vão gradualmente se afastando das plantas das quais elas provêm. Assim, a acelga e a beterraba, duas plantas aparentemente tão distintas, originaram-se de um mesmo ancestral selvagem. Por essa razão, do ponto-de-vista científico a acelga e a beterraba são a mesma espécie, Beta vulgaris (Amaranthaceae, antes Chenopodiaceae). Outras plantas alimentícias muito distintas na aparência e que provieram de um ancestral selvagem comum são a couve, o repolho, a couve-flor e a couve-de-bruxelas. Todas essas culturas correspondem a uma única espécie, Brassica oleracea (Brassicaceae). Pode-se dizer que o melhoramento genético praticado pelo homem iniciou-se simultaneamente à fase de domesticação das plantas, há cerca de 9.000 anos. A domesticação e o conseqüente cultivo de um grande número de indivíduos de uma espécie permitiu a aproximação de muitas espécies selvagens, que passaram a trocar genes com as plantas cultivadas, resultando daí uma variação muito grande nos descendentes, devido aos cruzamentos espontâneos que então ocorriam. A partir dessa rica variação, o homem primitivo pôde iniciar uma seleção, que deve ter-se baseado numa experiência e observação que gradual e lentamente se acumulavam. Com o início da seleção, iniciou-se o acúmulo de linhagens que diferiam um pouco dos ancestrais selvagens. Devido ao