Melancolia
Melancolia (me.lan.co.li.a) sf. Tristeza sem causa definida, por vezes acompanhada de saudade.
No filme, o comportamento de uma família se deteriora gradativamente devido a aproximação de um planeta chamado Melancolia. Essa relação nos remete às teorias surgidas antes do Renascimento, que ligavam Saturno e a melancolia, união que dá título a um livro, referência sobre o tema: Saturno e a melancolia. Os autores Erwin
Panofsky, Raymond Klibansky e Fritz Saxl mostram que na idade média o planeta Saturno comandava os dias em que a energia vital do homem diminuía e ele se tornava praticamente estéril, apático, indeciso, vagaroso.
Com uma sequência inicial de cenas oníricas, ao som de Tristão e Isolda, de Wagner, e que escolheremos uma imagem desta para análise, tem-se enquadramentos de abertura estilizados que remetem às composições fotográficas do americano Gregory Crewdson.
Crewdson prestou atenção no trabalho de um grupo de poetas que, em 1911, defendia que as imagens literárias deveriam corresponder a atmosferas emocionais, e não a descrições “realistas” do mundo. Tais imagens, muitas vezes carregadas de visões catastróficas, foram apontadas posteriormente como premonições da guerra que estava por vir. Será que Lars Von trier está querendo nos dizer algo?
Acima, temos a personagem Justine (Kirsten Dunst), caminhando pelo o que parece um jardim, bosque escuro, vestida de noiva, envolta em cipós que a seguram, tanto nos braços quanto nas pernas.
Na imagem temos exteriorização de um estado de espírito extremamente agonístico, marcado pela relação entre o primitivismo, paisagem selvagem, e o civilizacional, o vestido de noiva, que faz referência à instituição religiosa do casamento, que lega o mal-estar. Isto é, a grande questão entre os anseios individuais que não encontram diálogo