MELAINE KLEIN

849 palavras 4 páginas
Sua experiência com crianças possibilitou ampliar o campo da clínica psicanalítica para áreas tidas, por Freud, como inacessíveis ao tratamento: pacientes psicóticos, autistas e borderline. Mas a austríaca trouxe também um novo estilo de trabalho para o atendimento de pacientes neuróticos adultos.
Ela foi uma pioneira em análise infantil, mas, ao contrário de Anna Freud, ela excluiu os pais do tratamento porque acreditava que o problema fundamental era intrapsíquico. As principais contribuições de Klein estão em sua ênfase sobre a importância das relações de objeto iniciais, a demonstração da função do superego cedo no desenvolvimento psíquico, sua descrição das defesas primitivas características do transtorno de personalidade limítrofe e psicose e seu uso do brinquedo das crianças com um meio para a interpretação.
O conceito de fantasia inconsciente, como observa Anna Segal,[1] é essencial para a compreensão da teoria kleiniana sobre o desenvolvimento mental. De fato, “a natureza dessas fantasias inconscientes e o modo como elas estão relacionadas com a realidade externa” determinam o funcionamento psíquico do indivíduo.[2] No entanto, esta teoria gerou uma ampla polêmica no âmbito do pensamento psicanalítico, pois parecia ser contrária a alguns postulados da teoria freudiana. A polêmica acabou vertendo sobre o papel da fantasia em relação à inibição da sexualidade e à formação do caráter, contrapondo a visão mais ortodoxa de Anna Freud àquela de M. Klein.[3] Na realidade, por trás desta discussão está o fato do termo fantasia ser usado em sentido diferente. M. Klein elaborou o conceito de fantasia inconsciente (phantasia) constatando que, no funcionamento psíquico, as relações com os objetos externos são mediadas pelas fantasias inconscientes que dão origem aos objetos internos. Portanto, “relações e objetos, ou situações externas, não devem ser simplesmente traduzidas em relações internas”, [4] pois o objeto interno tem vida própria e não coincide com a

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