Meios de Comunicação Analógicos e Digitais
Uma característica fundamental dos meios digitais de comunicação é que eles permitem que dados, além de serem transmitidos e captados (como também ocorre nos meios analógicos), possam ser transformados (manipulados) e armazenados sobre um suporte físico mutável. Por exemplo, um livro ou uma música podem ser escritos (ou modulados) sobre cerâmica, papel, plástico, ondas de rádio, campos magnéticos, etc.
Estes dados armazenados fisicamente na forma de tinta, marcações, vibrações, etc., são interpretados de forma simbólica pelos parceiros da comunicação (emissores e receptores). Dados digitais são cadeias de símbolos, organizadas na forma de uma linguagem. Deste modo, a comunicação digital transcende o espaço, pois o símbolo - ou o signo/significado - trafega pelo éter, e também transcende o tempo, pois o símbolo pode ser reconstituído à sua forma original pois foi socialmente construído. Veja por exemplo o processo social que permite a restauração de documentos antigos, a regeneração de sinais digitais distorcidos pelo ruído, ou até mesmo o ato de escutar um disco de vinil velho e arranhado mas mesmo assim "reconhecer" a música original.
Em um meio de comunicação puramente analógico, a ausência de uma representação abstrata (simbólica) para os dados dificulta a conservação, transformação e manipulação destes dados. Veja por exemplo o caso de duas engrenagens de uma transmissão que não mais se encaixam devido a uma deformação. A força de uma engrenagem é transferida de forma física para a outra engrenagem, mas este processo sofre desgaste com o passar do tempo, e em algum momento no futuro o processo será interrompido.
Considerando ainda que distorções são inevitáveis durante qualquer transmissão de dados, o meio analógico restringe os dados quanto (1) à sua transcendência temporal, pois o dado se desgasta com a transmissão e sua representação física se evanesce com passar do tempo, e (2) quanto à sua transcendência