Meio ambiente
Introdução
Fala-se muito, hoje, em cidadania como se esse termo fosse sinônimo de liberdade tout court. Supõe-se que lutar por um mundo cidadão seria o mesmo que lutar por uma sociedade efetivamente livre e humana. Supõe-se também que, com a cidadania, que certamente é inseparável da democracia, teria sido descoberta a forma mais aperfeiçoada possível de sociabilidade. Não porque fosse perfeita, mas porque estaria indefinidamente aberta a novos aperfeiçoamentos.
A nós, pelo contrário, parece-nos equivocado pensar que a cidadania expressa a forma superior da liberdade humana. Por suas origens e sua função social, ela representa uma forma de liberdade, certamente muito importante, masessencialmente limitada. Ao nosso ver, a efetiva emancipação humana é, por seus fundamentos e sua função social, algo radicalmente diferente e superior à cidadania, que é parte integrante da emancipação política. Esclarecer essa distinção é hoje da máxima importância, se queremos que a luta social seja claramente orientada para a superação desta forma desumanizadora de sociabilidade, cujas raízes se encontram no capital. Por sua vez, este esclarecimento supõe a busca da natureza mais íntima tanto da cidadania quanto da emancipação humana. É isto que nos propomos fazer, brevemente, nesse texto.
1. O ponto de partida
O rastreamento histórico é o caminho mais comum quando se busca entender a questão da cidadania. Não nos parece que seja este o melhor caminho. Certamente, o conhecimento da história é muito importante. No entanto, o processo histórico é algo extremamente complexo e variado. Como evitar que nos percamos em meio a esta complexidade e variedade de aspectos. Precisamos de um fio condutor que nos permita compreender a lógica do processo histórico. Este fio, ao nosso ver, são as determinações gerais que caracterizam o processo de autoconstrução humana. Vale dizer, a primeira pergunta não pode ser o que é a cidadania, mas o que é