Meio Ambiente por Peter Singer
Peter Singer examina a questão das decisões relacionadas com o meio ambiente, enfocando os valores em jogo nas controvérsias sobre a preservação das regiões incultas. Apresenta um breve exame das origens das atitudes modernas com relação ao mundo natural.
O crescente nível de destruição, que põe em risco a sobrevivência humana, confere às regiões selvagens um valor de raridade que fortalece o argumento em favor da preservação, ainda nos termos de uma ética centrada no ser humano. O autor também ressalta que é preciso tomar cuidado para não infligir perdas irreparáveis às próximas gerações, sendo necessário ao decidir sobre a derrubada de florestas, por exemplo, levar em conta o valor que poderão ter para as gerações do futuro (imediato e remoto). A ética centrada no homem apresenta argumentos a favor de “valores ambientais” ao considerar que o crescimento econômico baseado na exploração dos recursos não-renováveis traz benefícios no presente e às próximas gerações, mas a um preço que poderá ser pago pelas gerações futuras.
O autor defende o ponto de vista de que é arbitrário pensar que só os seres humanos têm valor intrínseco. E pergunta: até onde chega esse valor? Ou esse valor extrapola a fronteira da sensibilidade?
Discutindo essa questão, ressalta que, quando a construção de uma represa inunda um vale e mata milhares ou milhões de criaturas sencientes, deve-se atribuir a essas mortes uma grande importância no âmbito das avaliações dos custos e benefícios da construção. Para os utilitaristas, se a represa destrói o habitat dos animais, é preciso considerar o fato de que essa perda é contínua. Se fundamentarmos nossa decisão além dos interesses humanos, teremos mais elementos contrários às vantagens econômicas da construção da represa. Nesses cálculos devem agora entrar os interesses de todos os animais que vivem na área a ser inundada. E não