Medieval
Karapiru é um índio Awa-Guajá da floresta amazônica oriental. É membro de um povo eminentemente caçador e coletor, de uma cultura e de uma sociedade sustentada em valores sólidos como a reciprocidade e colaboração mutua; que depende exclusivamente das florestas em pé para continuar a existir.
Karapiru era parte de mais um dos tantos grupos Awá-Guajá existentes, que outrora viviam em toda região compreendida pelos rios Caru, Pindaré, Gurupi, Turicaçu... Amazônia Maranhense.
Seu grupo ou sua família foi atacada por matadores de índios ou limpadores de terra, em 1978, em Porto Franco, Maranhão.
Karapiru sobreviveu. Eis que depois de 10 anos de solidão, em um exílio imposto como prerrogativa do desenvolvimento chegado a região (estradas de ferro, fazendas, exploração madeireira, grilagem...), ele ressuscita em terras da Bahia, em 1988.
Como providencia dos Karawara, a gente sobrenatural Awa, foi seu próprio filho - que ficou para traz preso ao arame farpado quando do ataque e depois capturado e criado longe de sua gente – foi justamente o enviado para reconhecer aquele índio aparecido, aquela pessoa – sua identidade – a resistência de sua gente, a gente Awa. “É meu pai!”. Exclamou!
No cotidiano de sua sociabilidade na aldeia Tiracambu, Terra Indígena Caru, é conhecido como o homem do fogo. Importante função para o preparo da farinha e dos alimentos.
Com suas mais de 6 décadas de vida, Karapiru é também um exímio caçador, pescador e um mihihara –cozinhador na língua Awa –, seja na panela ou assado no jirau de moquear.
Karapiru se casou com uma jovem Awa, com quem vive integrado na família de seu sogro, com sua mulher e filho. Karapiru continua a cumprir seu papel e funções que cabem a um homem Awa.
A resistência do povo Awa, presente na pessoa de Karapiru, é de impressionar. Com toda a violência sofrida por seus agressores do passado e do presente impunes, impressiona a calma e o jeito sereno