MECENATO_E_ESTILO_ROCOCO_NA_EPOCA_BARROCA
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Mecenato e estilo rococó na época barroca: a Capela do Rosário dos Pretos de Vila Rica Adalgisa Arantes Campos1
"Todas as espécies de indústria estão nas mãos ou dos mulatos ou dos negros; estas duas classes de homens parecem exceder em inteligência a seus senhores, porque fazem melhor uso dessa faculdade."
Herculano Gomes Mathias
A questão principal que norteia este estudo é se haveria conexão necessária entre a criação artística, mecenato, recursos materiais e classe social. Não raro, observa-se na bibliografia sobre irmandades a afirmação de que a simplicidade dos acervos do Rosário dos Pretos estava em sintonia com as dificuldades da economia mineira e, em particular, a dos irmãos congregados naquela irmandade. Poderíamos indagar também se o processo de declínio da mineração teve repercussão imediata nas artes plásticas, ou se as produções artísticas feitas pelas confrarias de negros e crioulos apresentavam linguagem popular, totalmente distinta da linguagem mais elaborada, erudita, promovida pelas irmandades e ordens terceiras freqüentadas pelas elites. Em linhas gerais, a preocupação é a seguinte: haveria nexo necessário entre a arte inovadora, o cliente e os recursos materiais?
Identificação de pintores e obras na Capela do Rosário
O pintor e capitão da Companhia de Infantaria Auxiliar dos Homens Pardos, José Gervásio de Souza Lobo (*1758, morto em 1806), auxiliou oficialmente o padre e professor Joaquim Veloso de Miranda ao fazer desenhos de plantas para serem enviados ao Horto Real de Lisboa (VEIGA, 1897: p.152-3, 26/07/1778). Entre 1791 e 1792, acompanhou o botânico Joaquim Veloso em excursão científica pelo interior da Capitania das Minas Gerais. Conforme o importante recenseamento de 1804, José Gervásio morava entre o bairro do Caquende e o Largo da Matriz do Pilar (Vila Rica), não tinha família nem escravos, agregados ou aprendiz em seu domicílio, contando nesse ano com 46 anos (MATHIAS, 1969: 93). Levava vida simples, em