Mecanismos fisiológicos que levam a fadiga muscular
A fadiga muscular tem-se revelado como um dos tópicos centrais na investigação em fisiologia do exercício. Efetivamente, o volume de trabalhos publicados em torno desta temática parece conferir-lhe o estatuto de uma das áreas mais estudadas na fisiologia do exercício. No entanto, os mecanismos precisos associados à sua etiologia encontram-se ainda por determinar. Uma das principais características do sistema neuromuscular é a sua capacidade adaptativa crônica, uma vez que quando sujeito a um estímulo como a imobilização, o treino ou perante o efeito do envelhecimento, pode adaptar-se às exigências funcionais. Da mesma forma, consegue adaptar-se a alterações agudas, tais como as associadas ao exercício prolongado ou intenso, sendo uma das mais conhecidas o fenômeno habitualmente referido como fadiga muscular. A incapacidade do músculo esquelético gerar elevados níveis de força muscular ou manter esses níveis no tempo designa-se por fadiga neuromuscular. Relativamente à definição do conceito de fadiga, importa salientar a diversidade de trabalhos que, embora intitulados e expressamente associados à fadiga, se afastam claramente do conceito clássico de fadiga, ou seja, da incapacidade de produzir e manter um determinado nível de força ou potência musculares durante a realização do exercício. De fato, alguns autores têm associado o termo “fadiga” a inúmeras manifestações de incapacidade funcional evidenciadas quer durante o exercício (máximo ou sub-máximo), quer com carácter retardado relativamente à realização do mesmo.
Deste modo, ao longo desta revisão utilizaremos esta designação de forma indiscriminada, não só para nos referirmos aos estudos claramente relacionados com o conceito tradicional de fadiga expresso, mas também a outras formas de manifestação da mesma. Adicionalmente, as manifestações da fadiga têm sido associadas ao declínio da força muscular gerada durante e após exercícios