Mayombe
Mayombe – Romance escrito entre 1970/71 e publicado em 1980. Um livro que surge de um comunicado de guerra escrito por Pepetela, então guerrilheiro. Na obra, o autor “ultrapassa o limite ideológico das narrativas da revolução” ao discutir no interior da uma floresta valores universais como a fraternidade e o amor. A floresta da Cabinda domina o cenário e rasura vestígios da cultura portuguesa ao apresentar uma majestade tropical que determina um novo tempo. “O meio físico, portanto, torna-se condutor da obra que inaugura na literatura angolana a diegese permeada por várias vozes enunciadoras que, coordenadas por um narrador em terceira pessoa . Mayombe é um espaço que dinamiza duas forças: uma centrípeta (lugar para onde convergem todas as vozes e práticas revolucionárias) e outra centrífuga (lugar de onde partirão os guerrilheiros promotores da mudança social e sobretudo política). Inserido no momento histórico quevivia Angola, qual seja, combate ao colonialismo e afirmação da nacionalidade, Mayombe é a história dos que combateram na conquista por um espaço coletivo, violentado há séculos pela pilhagem da terra e dos habitantes. A visão da floresta, apresentada logo no primeiro capítulo e citada muitas vezes ao longo do romance mostra uma visão simbólica da natureza veiculada pela mata fechada e impenetrável apagando o ponto de vista colonial estereotipado que associava a paisagem africana apenas ao mato e a um exotismo redutores. Faz aflorar a simbologia do útero materno. A visão unificada da copa das árvores, vista por cima, mostra a unidade e a coesão de uma floresta que é construída por árvores e arbustos independentes, mas que ao se unirem torna-se impenetrável e invencível. Como metáfora do país, a união deve ser o ponto em comum que une e coordena mesmo os que são de diferentes origens e pautam suas atitudes na diversidade. A floresta, portanto, resulta num “entrelugar” em que a individualidade (dos guerrilheiros)