Mauro betti
Mauro Betti[1]
Você, certamente, em algum momento, teve contato com as proposições teoricometodológicas no ensino da Educação Física que foram elaboradas no Brasil entre as décadas de 1980 e 1990, sabe os nomes de alguns de seus autores, leu textos sobre o tema. O que explica ter sido a década de 1980 tão importante para a história recente da Educação Física brasileira? Por que nesta e na década de 1990 surgiram tantas proposições para a Educação Física escolar?
Colocando os conhecimentos em jogo
A década de 1980 demarcou o início de um período de grandes transformações teórico-práticas na Educação Física escolar. Em contraposição ao ensino da Educação Física tradicional, tecnicista e esportivizada, diversas proposições teórico-metodológicas inovadoras, de pretensões críticas e emancipatórias, foram apresentadas no Brasil por diversos autores e obras. Não é coincidência que tal fato tenha ocorrido em um momento de, também, profundas transformações políticas na sociedade brasileira. O ocaso do regime militar, a redemocratização com a realização de eleições livres e diretas (o movimento "Diretas Já!" foi destaque em 1984), a anistia aos então perseguidos políticos, o fim da censura aos meios de comunicação e, consequente, o aumento da liberdade de expressão foram alguns dos acontecimentos que demarcaram aquela década de 1980. Tudo contribui para que as críticas à Educação Física tradicional emergissem, inicialmente, no âmbito das Universidades e entidades de classe do magistério. A multiplicação de publicações e eventos de caráter pedagógico, o surgimento de cursos de pós-graduação no país e a formação de doutores no exterior tomaram parte importante nesse processo, facilitando o debate e a circulação de ideias. Os livros “O que é Educação Física”, de Vitor Marinho de Oliveira e “A Educação Física cuida do corpo...e ‘mente’”, de João Paulo S. Medina, ambos publicados em