mauiza

822 palavras 4 páginas
O veterano jornalista Zuenir Ventura, autor do consagrado "1968 - o ano que não terminou" canalizou sua admiração pela figura do líder ambientalista e seringueiro, Chico Mendes, assassinado em 1988, no Acre, e uma série de reportagens feitas na época sobre o caso no livro "Chico Mendes - Crime e Castigo". Ventura repete várias vezes na obra sua ambição: evitar o esquecimento do personagem que encarnou o símbolo povo da floresta, um homem que foi analfabeto até os 20 anos e conseguiu uma união popular e até internacional por sua causa, até então pouco comentada no Brasil.
Zuenir mergulhou no tema quase por acaso. Em 1989, ao voltar ao Jornal do Brasil após uma licença de quase um ano para escrever "1968", ele se sentiu deslocado na redação. A pedido do diretor Marcos Corrêa, retornou à função de repórter e foi designado para cobrir um encontro de lideranças populares da Amazônia, no Acre. O que imaginava ser uma tediosa tarefa transformou-se no começo de uma grande história. O escritor decidiu passar um mês no estado de Chico Mendes e se aprofundar nas dúvidas que cercavam o assassinado do idealista. O trabalho rendeu a série de reportagens "O Acre de Chico Mendes", vencedora dos prêmios Esso e Vladimir Herzog. Em 2003, Zuenir resolveu completar a pesquisa, retratando o estado quinze anos depois dos acontecimentos. As duas reportagens, somadas com o que o escritor apurou sobre os julgamentos dos assassinos do líder seringueiro, em 1990, formam a obra.
O ponto alto do livro é a primeira parte, chamada "O crime", especialmente as primeiras páginas, em que o autor, como em um policial, romanceia os derradeiros momentos de Chico Mendes e a noite de seu assassinato. Zuenir também transmite toda a angústia dos últimos dias do seringueiro, que tinha certeza que seria morto por seus adversários políticos - latifundiários e madeireiros. Isso é elevado ao extremo no momento em que o líder ecologista pede à filha que não chore por sua já aguardada morte. Na mesma seção, o

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